Blog destinado à interação coletiva e ao crescimento do mesmo. Contando com a participação de vários autores o blog abrange diversas questões, da particular filosofia à questões contemporâneas do coletivo social.
21 julho, 2009
A história das coisas
20 julho, 2009
15 julho, 2009
Kafka

nem muitas tb. Kafka foi um dos primeiros que me convenceu a ler o mesmo livro mais de uma vez.
Quando comecei a ler "carta ao pai", não consegui parar mais. Como dizem por aí, destrui, comi, devorei, li tudinho do livro. De cabo a rabo. Não contente, indiquei a obra para todas as pessoas que conhecia. Ainda não contente, reli. E reli de novo. Sempre que terminava pensava: "Cara, esse livro é muito bom". Entretanto, o que mais se facinava era a forma em que eu conseguia ver o que se passava no livro e nem tanto a história em si. A descrição de Kafka sobre a vida dele era tão real que conseguia imagina-lo ao meu lado. Sem muito esforço. Vendo claramente o sofrimento do garoto diante o mundo que o rodiava. Com o tempo, fui cristalizando a idéia que a obra, por fim, não era apenas um relato pessoal. Mas sim, um convite a filosofia do cotidiano. A filosofia imaginativa que consegue nos transportar para além do nosso corpo e nos faz ter uma visão mais ampla sobre o mundo a nossa volta.
Tendo essa pré-idéia do trabalho de Kafka, fui atrás de outras fontes para confirmar a teoria.
Dito e feito, li a "Metamorfose" (algumas vezes também) e confirmei o que pensava!
O livro é curtíssimo, como "Carta ao pai", porém mostra a mesma visão de uma forma mais ampla. Kafka não narra a sim mesmo. Mas narra a história em terceira pessoa. O que amplia a visão da história, consegue mostrar mais o contexto geral e esclarece o convite a filosofia imaginativa. Na "Metamorfose" do personagem - de pessoa a barata, todos nós podemos nos ver.
Somos a barata de dia e a pessoa de noite, e vice e versa.
Cada atitude, ação, expressão, nos possiciona entre o 8 e o 80. Isso também envolve o que temos e, consequentemente, o que não temos. Kafka assim nos mostra o quão insignificante(inseto) podemos ser para aqueles que nos tem como iguais...
Mais uma vez, somos convidados por Kafka à olhar a nossa volta e a si mesmos. A visão do cotidiano coletivo e a constituição da sociedade como pilar moldador dos laços de interesse e ação, são problematizados e questionados pelo autor.
Terminado a minha história com Kafka, li o "O Processo". Esse sim um livro pesado! Bem maior e bem mais denso que os dois primeiros que li. Porém, um livro bem mais completo. Porém seguindo a mesma linha e estilo de "Metamorfose". O livro também é narrado em terceira pessoa e conta com um personagem que, como em "Metamorfose" não sabe o que está acontecendo a seu redor. O que parece é que da mesma forma que culpamos o "sistema" pelo erros da sociedade, o personagem de "O Processo" o faz. Sem saber o que está acontecendo ao seu redor, vai sendo levado ao fim, esgotamento físico e mental. Acorda em um dia normal sendo abordado por polícias que o levam preso, sem motivos. Assim começa o livro onde o personagem vai sofrendo com um processo que não encontra nenhuma conformidade e coerencia, sendo vítima de uma perseguição.
Como todos os personagens de Kafka nos livros que li, a perseguição e a culpa estão sendo caminhando juntas. Os personagens kafkianos sofrem psicologicamente com a dúvida constante entre vítimas ou criminosos. Essa questão está sempre na cabeça, atormentando.
Kafka nos põem a mesma minhoca na cabeça. Nos faz questionar nosso papel na sociedade em que livemos. Nos coloca de bandeja o contexto, explicitando o cenário e convidando ao debate!
--------------------------------Sobre o autor (Wikipedia)
Franz Kafka (língua tcheca: František Kafka)(Praga, 3 de julho de 1883 - Klosterneuburg, 3 de junho de 1924) foi um dos maiores escritores de ficção da Língua alemã do século XX. Kafka nasceu numa família de classe média judia em Praga, Áustria-Hungria (agora República Tcheca). O corpo de obras suas escritas— a maioria incompleta e publicadas postumamente[1]— destacam-se entre as mais influentes da Literatura ocidental[2].
Seu estilo literário presente em obras como a novela A Metamorfose (1915), e romances incluindo O Processo (1925) e O Castelo (1926) retratam indivíduos preocupados em um pesadelo de um mundo impessoal e burocrático.
--------------------------------Outros Autores semelhantesAlbert Camus
Nikolai Gogol
14 julho, 2009
Economia e arte visual contemporânea
Artigo do ministro da Cultura, Gilberto Gil, publicado no jornal O Estado de S. Paulo - SP, 11/02/2008
Atualmente, a inovação no campo da arte não se restringe ao questionamento de suportes tradicionais
A contemporaneidade é pensada pela arte em termos de intensidade e de agenciamento; o valor de cada obra é sua capacidade de se afirmar em relação ao presente. Sabemos que hoje cada manifestação do processo criativo está integrada ao mundo de uma economia atuante e catalisadora fundada na dinâmica do novo. A economia contemporânea tem na arte o modelo, já que a produção de bens se tornou cada vez mais “imaterial”, operando por diferenciais simbólicos consumidos pelo público. O sistema de trocas, valorizações, equivalências e diferenciações no espaço global se alimenta da força vital que é produzida pelos processos artísticos em uma rede inteligente que gira em torno do mundo.
Atualmente, a inovação no campo da arte não se restringe ao questionamento de suportes tradicionais, porque a densidade de cada obra reside no apontamento de conceitos e tendências que ela propõe como “valores”. Se a arte se impõe como objeto de desejo aos que buscam possuí-la, seja pela compra ou pelo domínio intelectual, o consumo de arte também produz capacidades emancipatórias e possibilita reapropriações criativas. A atividade estética estimula os ambientes de inovação em nossa sociedade, porque “obras de arte” se converteram em potência instauradora da “experiência contemporânea”.
A arte hoje está situada em um campo cultural mais amplo, algo que chamamos de “economia da experiência”, como a moda, a gastronomia e a arquitetura, que dão feições criativas e inovadoras ao ambiente das cidades globais. Dessa forma, o mundo econômico imita o mundo da produção artística, estabelecendo negócios com a experiência proposta por obras contemporâneas. Isso ocorre mesmo quando a arte questiona o mundo econômico ou o desmobiliza através de dispositivos perceptivos, tecnológicos ou intelectuais. Mas a arte continua buscando dissolver com ironia essa fixação por um “design de experiência” que persegue a sociedade de consumo contemporânea. A grande questão a nos desafiar hoje é: como pode a arte conviver ativamente com o mundo econômico sem se desintegrar na dinâmica de mercado, evitando perder valores próprios e aniquilar potências simbólicas?
Esse foi o impasse que nos mobilizou a organizar a mostra de artistas brasileiros na Arco8 na Espanha, uma das maiores feiras de arte contemporânea da atualidade. A presença do Brasil como convidado em destaque no evento celebra a produção visual ao permitir conhecimentos de seus múltiplos valores. Uma tradução cultural para o contexto de Madri daquilo que atualmente é desafio no campo estético brasileiro, mostrando respostas artísticas arejadas que se diferenciam no sistema global. Os curadores, Paulo Sergio Duarte e Moacir dos Anjos, tiveram autonomia para eleger obras e estabelecer parâmetros junto ao MinC, assumindo a responsabilidade de fazer significativo recorte de nossa produção contemporânea. A opção foi inverter o processo seletivo usual em feiras comerciais e estabelecer o foco em artistas, no reconhecimento crítico. Ousaram afirmar o momento vivido no qual o valor cultural abre ao universo econômico possibilidades que ele mesmo não teria condições de impor, criando oportunidades de expansão do mercado. Além da feira, Madri verá em muitas instituições a riqueza da arte que nos afirma como nação contemporânea.
Ao lado de nomes conhecidos, foram incluídos outros que ainda não têm a visibilidade internacional, como artistas no início de suas carreiras, que aos poucos se afirmam no País como referências da atualidade. Na mostra brasileira que levaremos à Arco buscaremos mostrar várias gerações das artes visuais brasileiras hoje em convívio. Investimos também no sentido histórico e crítico que emerge do século 20, referenciais sedimentados por Hélio Oiticica, Mira Schendel, Lygia Clark, Geraldo de Barros e tantos outros. A permanência dinâmica desse campo é visível em desdobramentos realizados por artistas como Cildo Meireles, Antônio Dias, Tunga, Paulo Bruscky, entre outros.
Temos uma arte que torna visível a complexidade do País que vive aberturas e deslocamentos no mundo contemporâneo. Apresentamos no projeto o que dá carga semântica ao que afirmamos como “diversidade cultural”. Essa a nossa diretriz em políticas culturais aquém e além fronteiras. O exposto é processo vivo de consolidação, no contexto brasileiro, da arte contemporânea mundial, assim como de coleções e instituições internacionalizadas. Hoje somos vetor marcante na cultura global, no campo de visualidades e visibilidades, justamente porque nosso ambiente humano e estético, biopolítico e tecnológico, simboliza a noção de “diversidade cultural”, com todos conflitos e dissonâncias implicados nesse termo.
Buscamos compor o ambiente das exposições em elementos construtivos que aliam contigüidade e transparência, um meio cultural que se esquiva de amarras, blindagens ou modismos, seja no elogio irrestrito a expressões supostamente “locais”, seja na adesão fácil a linguagens que se pretendem “universais”. Se o local é o irredutível que emerge em cada momento de nossa simbolização e o universal o seu oposto, não nos deixamos jamais fixar a um ou a outro desses pólos extremados, que querem capturar a vitalidade do que nos é contemporâneo. Nossa participação na Arco, assim como o conjunto das políticas desenvolvidas pelo Ministério da Cultura, partem desse princípio agregador e abrangente da contemporaneidade. Nossa vitalidade e nossa força criativa só serão plenas e devidamente fortes se resultarem da soma, da pluralidade de expressões e linguagens que nos caracterizam e nos diferenciam no mundo. Esse é o Brasil que conhecemos, esse é o Brasil que queremos mostrar.
13 julho, 2009
Direto do Blog do Saramago
Leituras para o Verão
By José SaramagoCom os primeiros calores, já se sabe, é fatal como o destino, jornais e revistas, e uma vez por outra alguma televisão de gostos excêntricos, vêm perguntar ao autor destas linhas que livros recomendaria ele para ler no Verão. Tenho-me furtado sempre a responder, porquanto considero a leitura actividade suficientemente importante para dever ocupar-nos durante todo o ano, este em que estamos e todos os que vierem. Um dia, perante a insistência de um jornalista teimoso que não me largava a porta, resolvi ladear a questão de uma vez por todas, definindo o que então chamei a minha “família de espírito”, na qual, escusado será dizer, faria figura de último dos primos. Não foi uma simples lista de nomes, cada um deles levava a sua pequena justificação para que melhor se entendesse a escolha dos parentes. Incluí nos Cadernos de Lanzarote a imagem final da “árvore genealógica” que me tinha atrevido a esboçar e repito-a aqui para ilustração dos curiosos. Em primeiro lugar vinha Camões porque, como escrevi em O Ano da Morte de Ricardo Reis, todos os caminhos portugueses a ele vão dar. Seguiam-se depois o Padre António Vieira, porque a língua portuguesa nunca foi mais bela que quando a escreveu esse jesuíta, Cervantes, porque sem o autor do Quixote a Península Ibérica seria uma casa sem telhado, Montaigne, porque não precisou de Freud para saber quem era, Voltaire, porque perdeu as ilusões sobre a humanidade e sobreviveu ao desgosto, Raul Brandão, porque não é necessário ser um génio para escrever um livro genial, o Húmus, Fernando Pessoa, porque a porta por onde se chega a ele é a porta por onde se chega a Portugal (já tínhamos Camões, mas ainda nos faltava um Pessoa), Kafka, porque demonstrou que o homem é um coleóptero, Eça de Queiroz, porque ensinou a ironia aos portugueses, Jorge Luis Borges, porque inventou a literatura virtual, e, finalmente, Gogol, porque contemplou a vida humana e achou-a triste.
Que tal? Permitam-me agora os leitores uma sugestão. Organizem também a sua lista, definam a “família de espírito” literária a que mais se sentem ligados. Será uma boa ocupação para uma tarde na praia ou no campo. Ou em casa, se o dinheiro não deu para férias este ano.
12 julho, 2009
Para quem gosta de fotografia
O sítio é uma caixa de ferramentas para fanáticos em fotografia se deleitarem com edição, reprodução e divulgação de fotos.
Esse link http://mashable.com/2007/06/23/photography-toolbox/ contem uma série de sítios organizados que permitem escolher a atividade a ser realizada com as fotos por descrição dos sítios.
Aproveitem ...
Decida
Ela saiu para passear
Mirando o horizonte
Até o topo da montanha
Chegando, olhou para baixo
Avistou um gramado lisinho lisinho
Logo imaginou ter um pedaço de papelão
Não hesitou
Arrancou a camisa
Sentou em cima
Se ajeitou
E curtiu o prazer da decida
07 julho, 2009
Números
estava navegando por blogs e acabei atracando em uma boa pedida. É o blog - este blog é minha rua. Ainda não tenho muitas informações sobre quem é o alimentador desse blog, porém tenho a certeza que se trata de um educador. Não apenas pelos posts que pude encontrar no blog mas também pelas indicações de sítios que podemos ver por lá.
Esse sítio é uma ótima indicação para quem se interessa por educação, conhecimento e atualidade. E para confirmar isso, vou reproduzir aqui um post realizado no dia 5 de julho nesse sítio. Se trata de um breve comentário seguido da reprodução do verso de Carlos Alberto Salustri ou Trissula, chamado Número.
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Trissula era um vate, um bardo que esgrimia palavras como um espadachim habilidoso, um D'Artagnan ou Cyrano de Bergerac, este último tão bom com a espada quanto com as palavras. Mas Trissula era conhecido por sua crítia mordaz, ácida e penetrante ao regime, inclusive ao seu amigo Mussolini, o ditador. Veja esses versos e reflita:
Dizia o Um ao Zero,
no entanto quanto vales tu? Na prática
és tão vazio e inconcludente
quanto na Matemática.
Ao passo que eu, se me coloco à frente
de cinco zeros bem iguais
a ti, sabes acaso quanto fico?
Cem mil, meu caro, nem um tico
a menos nem um tico a mais.
Questão de números. Aliás é aquilo
que sucede com todo ditador
que cresce em importância e em valor
quanto mais são os zeros a segui-lo.
06 julho, 2009
Blue sky
I really don´t care where I am.
Serious!
No matter the wheater, I´m happy like a pig in the mud.
Of course I love the nature and I prefere thousands times more live near of my primitive condition then the new post-modern-x-generation-human being.
The multi-technological man, ready to listen his favorite song anywhere, or eat anykind he want at anytime he wish, doesn´t fancy me. The simple urban man is not myself.
I want something beyond this. Something bigger, but material lighter. Something that fits in mind but open new world doors. I want the expansive way of think, putting myself at the condition of feel different realities in the same body.
After feel, I wish to understand.
And then, after all, I wish to act in the same way. Making things right to everyone around. Mostly to people who walk in the same velocity and direction as mine. My friends, my family.
I really don´t care where I am.
Only with who I am.
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The sky has different forms.
But always there, above the clouds
It is blue, just blue.
23 junho, 2009
If you say so - Alem
Instituições totalitárias permeiam a nossa vida.
Do nascimento a nossa morte temos contato com várias dessas instituições, seja o estado, a igreja ou a escola.
Todas elas tem um mote, um objetivo na sua existencia e reprodução.
Existem com a justificativa baseada na dinâmica social. Nossa atual geração só conhece o mundo com a existência delas. Atualmente não acredito que existam muitas pessoas no universo que pensam o planeta terra livre das instituições totalitárias.
A, aparentemente, mais catequizadora e castradora instuição que temos atualmente, a igreja, a muito não é obrigatória, porém continua entre nós. Influenciando nossas atitudes e, assim, o nosso futuro.
O Estado, coitado. Está aí também. Você nasce e já pertence a ele. Antes mesmo de se pertencer a si mesmo.
A Escola, vai ganhando força como berço da nação. Nas reuniões da ONU a importância da educação é sempre reforçada. É o primeiro passso. A tacada inicial. O primeiro teste. A primeira prova.
Todas essas intituições tem leis e regras. Coordenam o ritmo da nossa caminhada. Dizem o que podemos e o que não podemos fazer. Incriminam e recriminam. Julgam e subjulgam.
Fazem o que seus líderes querem.
E para isso, contam com instrumentos de repressão.
Temos a polícia no Estado,a diretoria na escola e o inferno(quando não a inquisição) na igreja.
Exorcizados e queimados todos os pecados/pecadores vão para "o saco".
O sem fundo, o sem consideração, o sem futuro.
É como se as pessoas recebessem um carrimbo. Daqueles que servem para marcar o gado.
NEGADO! REVOGADO! BANIDO! (o imprestável)
Funciona assim, você tem um empresa que produz livros.
A bobina que alimenta a quantidade de papel a ser impresa ficou velha e quebrou, porém ainda funciona. Mas não está mais produzindo de acordo com o necessário.
Para resolver o problema você compra outra bobina. Nova, cheia de força e energia e que pode aguentar por um bom tempo o processo de fabricação dos livros.
Essa nova bobina foi escolhida no meio de milhões de bobinas que foram fabricadas pela empresa de bobinas. Todas são igualmente identicas. O que as diferencia é o momento e o ponto no espaço que cada bobina ocupa. Isso faz com que algumas bobinas tenham o privilégio de ser utilizadas para fazer livros e etc, enquanto outras vão para o estoque de bobinas. Algumas bobinas tem a sorte de serem vendidas e aproveitadas, enquanto outras são postas de lado, esperando a chance de um dia serem utilizadas para demonstrar a sua capacidade. Entretanto as que não são vendidas vão para o arquivo morto, sendo substituidas por bobinas novas, feitas com nova tecnologia, fruto de um processo escolar atualizado.
E tudo começa novamente.
A troca da bobina é naturalmente aceita e tem caracter de necessidade!
Esse esquema é tão forte que as pessoas incorporam essa visão.
Se transformam na própria reprodução do sistema. Fazendo com que esse ganhe força e viva através do cotidiano.
E o que um dia eram meras bobinas se tornam meras pessoas.
Porém, na contabilidade final - Ambos são números.
E quando tudo são numeros tudo é naturalmente frio e sensato.
Julgar, Repossicionar, Negar, Recriminar, Avaliar, Contabilizar, Somar, Cortar, Estudar, Comprar, Fazer, Desejar, Se Preocupar, Crescer, Desenvolver, Vencer, Dizer Alem, Ir ao Museu e Dizer Alem.
22 junho, 2009
O paradoxo da qualidade de vida

Mais além da pressão pelo consumo que a sociedade possa nos impor, acredito que a qualidade de vida não esteja apenas em adquirir esses produtos ou serviços, nem apenas em respirar ar puro ou alimentar-se bem. Qualidade de vida, num sentido mais amplo, é também ser dono do seu próprio destino, ser capaz de fazer da sua vida uma obra de arte.
Podemos distinguir três diferentes aspectos na qualidade de vida: 1) a qualidade da relação que mantemos com a natureza, 2) a qualidade da relação que mantemos com os demais, e 3) a qualidade da relação que mantemos com nós mesmos.
1) A relação com a natureza
A qualidade de vida, no primeiro aspecto, significa verificar se o ar que respiramos é o ar que gostaríamos de respirar, ver se a água que bebemos é a água que gostaríamos de beber, se o chão que pisamos é o que gostaríamos de pisar, etc. A sociedade urbana contemporânea organizaou a vida humana de tal maneira que há muito pouco espaço para o contato com a natureza.
Por exemplo, você lembra quado foi a última vez que sentou à frente de uma fogueira? Quando foi a última vez que viu ao vivo uma baleia ou um golfinho? Você consegue apontar para o norte desde a janela do seu quarto? Em que fase encontra-se a lua neste momento? Dedicar alguns momento diários ao contato com a natureza, seja tomando sol, caminhando descalço ou apenas sentando embaixo de uma árvore, são pequenos atos que nos trazem calma e nos ajudam a harmonizar nossos ritmos interiores com o ritmo em que pulsa a força criativa do universo.
2) A relação com os demais
Todas as relações humanas, bem como aquelas que fazemos em direção à natureza, deveríam estar pautadas pela princípio áureo da reciprocidade: não faça aos demais aquilo que não gostaria que os demais fizessem consigo. Ésta afirmação é universal, e pode ser encontrada, com pequenas variações, em todos os códigos de convivência de todas as culturas e civilizações. Da mesma forma, deveríamos estender essa atitude a todas as criaturas vivas. Isso chama-se dharma. Ninguém devería questionar o direito do outro a viver.
Os humanos, diferentemente das plantas e dos animais, somos dotados de livre arbítrio. Todos damos muita importância à nossa liberdade mas, a bem da verdade, nem sempre sabemos o que fazer com ela. Quando os atos nascidos do meu livre arbítrio ferem o direito dos demais, estou atropelando o dharma. Isto não produz desconforto imediato apenas para o outro, mas também para mim mesmo. Nem sempre consigo perceber isso de maneira clara a conexão entre o desconforto do outro e o meu próprio desconforto.
Muitas vezes exigimos atitudes dos demais em relação a nós mesmos, mas não estamos dispostos a sermos recíprocos fazendo a nossa parte.
3) A relação consigo próprio
Este terceiro aspecto da qualidade de vida, acredito, é o mais importante de todos. Como podemos estabelecer alguma relação com nós mesmos, se não nos conhecemos? Meu amigo Shane McCrudden, da Austrália, realizou um documentário muito interessante chamado The Burning Question, título que poderíamos traduzir livremente para o português como “a pergunta que não quer calar” ( http://www.youtube.com/watch?v=A69GMYraXsQ ). Ele entrevistou muitas pessoas diferentes, fazendo a todas uma única pergunta: “quem é você, realmente?” É incrível como as pessoas, defronte à pergunta, desviavam os olhos da lente e só respondiam com evasivas ou com um constrangedor silêncio recheado de expressões faciais muito eloqüentes.
A imensa maioria das pessoas não consegue relacionar-se corretamente consigo próprias por causa do analfabetismo existencial. Nós não sabemos quem somos. Isto é mais grave do que não saber onde fica o Brasil no mapa-múndi. Se não tenho claro quem sou, como poderei me relacionar comigo mesmo e com os demais? Além das necessidades do meu corpo, das dúvidas da minha mente ou dos desejos do meu ego, eu sou uma pessoa simples e tranqüila, e que a matéria prima da qual estou fabricado é felicidade e plenitude, verdadeira e auto-consciente. Nada mais. Tendo isso claro, percebo a minha qualidade de vida como um objetivo mais concreto e fácil de ser alcançado.
A boa vida é a vida feliz
A idéia de qualidade de vida nos lembra aquilo que na Grécia antiga, há mais de 2300 anos, o filósofo Aristóteles chamou a boa vida. Boa vida não é exatamente o “vidão” que está no imaginário da maioria das pessoas.
O resultado dessa boa vida é um estado de felicidade que está vinculado com a realização mais elevada do ser humano, que Aristóteles denominou eudaimonia. A boa vida, segundo ele, é uma condição na qual os indivíduos podem viver plenamente felizes e realizados. Não é apenas ter alegria, conforto, prazer ou segurança.
Este filósofo considerava a ética como uma ciência prática, na qual fazer era mais importante do que apenas refletir, e que ela que tinha um papel fundamental na realização da boa vida. Assim, ele ensinava que todas as ações humanas deviam estar em função desse bem maior que é a felicidade, que ao mesmo tempo permeia e resulta da boa vida. Aristóteles pensava que, para realizar a boa vida, devemos viver uma vida equilibrada, evitando os excessos, e que esse equilíbrio deve ser individualizado para cada pessoa.
O caminho do meio
Algo que caracteriza o pensamento deste grande filósofo é a busca do caminho do meio, que ele chamou de meio áureo. Esse meio áureo é o ponto de equilíbrio desejável entre o excesso e a deficiência. Por exemplo, no caso do sentimento de coragem, é preciso encontrarmos o ponto de equilíbrio entre o medo e a confiança. Excesso de medo ou falta de confiança podem nos imobilizar. Excesso de confiança ou ausência de medo podem nos levar a agir de modo torpe ou precipitado. O mesmo vale para os demais sentimentos vinculados com a tomada de decisões e a realização de ações.
O florescer da felicidade nada tem a ver com honra, riquezas ou poder, mas com a atividade racional dentro dos parâmetros da virtude. Trocando em miúdos, com fazer a coisa certa. Tal atitude manifesta virtudes do carácter como a honestidade, a fraternidade, a temperança e a eqüanimidade. Esse estado de plenitude ativa foi chamada summun bonum, o bem supremo, aquele fim que não serve como meio para mais nada, mas que justifica todos os meios, pois é o fim definitivo.
A boa vida não é uma vida de busca de prazeres ou satisfação pessoal, mas é a vida mais prazerosa. A boa vida não é uma vida que busque a riqueza pela riqueza em si mesma, mas um fim ao qual a riqueza está subordinada. A boa vida não alimenta a necessidade de reconhecimento por parte dos demais, pois a pessoa que a cultiva encontra a dignidade intrínseca a ela própria. A boa vida não busca a virtude, pois a virtude é uma conseqüência de cultivar a consciência, e não a causa dela.
Em suma, a vida de uma pessoa plena, satisfeita e feliz, é uma vida completa em si mesma. Concluíndo, podemos perceber a importância do auto-conhecimento para termos uma vida plena e feliz. Sem esse auto-conhecimento, de nada nos vale ter uma vida próspera e confortável, num lugar tranqüilo onde se respira ar puro, pois continuaremos sem contentamento.
16 junho, 2009
Felicidade palavra coletiva
A festa não era das mais animadas, porém ele também não consegui encontrar dentro de si a alegria para se motivar por conta própria.
A culpa caiu sobre a música, as pessoas, o ambiente e o preço das bebidas.
Não que não existisse uma auto-crítica. Pelo contrário, esse movimento cerebral estava em ação a todo o momento. Entretanto, seria um fardo muito pesado a ser carregado pelo próprio corpo, precisava compartir o fardo da derrota com o mundo.
Sim, a infelicidade precisa ser compartilhada, da mesma forma que a felicidade é. Se a felicidade é coletiva, porque não fazer da infelicidade a mesma matéria.
A gente atribui à x, y e z os motivos da nossa alegria. Que seja a sorte, o detalhe ou o conjunto. Tudo conspirando na mesma direção, fazendo nosso astro brilhar. Transformando o cinza em azul e assim por diante.
Mas de onde vem a tristeza? Seria a falta de sorte a origem da tristeza? Seriam vários detalhes? Seria todo o conjunto? Dificil explicar.
Provas e contrasprovas estão por todos os cantos. Podemos encontrar diversos tipos de pessoas, das mais variadas, das que tem todos os bens materias e são infelizes as que não tem nada disso e são felizes.
Eu penso e repenso essa condição. Sinto isso na minha vida, a cada passo. Parece até que é culpa do chão. Como aquelas vezes que vc esta quentinho e pisa descalço sobre o chão gelado da cozinha. Seu corpo não esfria direto, vai esfriando aos poucos, e quando vê, está com frio.
Sinto isso. Minha vida esquenta e esfria. Parece até que o calor é o motivador do frio e o frio é o motivador do calor, ou felicidade gera a infelicidade e vice e versa. Valorizo o passado quando percebo isso. Valorizo cada momento, cada interação. Tenho a certeza que ela foi única e teve uma razão de ser. Sou o que sou por conta do que passei, do que vivi e do que consegui absorver para mim. Humm, e estava esquecendo, sou o que sou também por conta do que consegui transmitir para os demais que estão a minha volta.
Afinal, se a felicidade (e a infelicidade) é coletiva mesmo, espero poder ser o propagador da mesma, seja pelos momentos que vivo por mim ou pelos que vivo através de meus companheiros. E espero que aos meus companheiros eu não seja só um felicidade-suga, mas um infelicidade-suga também, e que nesse proceso eu também possa ajuda-los a compreender melhor todas as fazes da vida.
02 junho, 2009

30 maio, 2009
Cesse o sopro, então inspire nada mais

Nem esta pequena introdução constava em escrever. E repito que várias vezes ensaiei postar algo neste blogue, mas escrevia e reescrevia e acabava não postando. Porém, hoje escrevi algo e tive vontade de compartilhar, mas faltando espaço, me lembrei do blogue e me motivei em deixar aqui. Estas palavras anteriores são mais no intuito de expressar a vontade da "troca de idéias" e a importância de um sempre presente diálogo criativo que nos colabore para "balançar" a vida, sem precisar de banco, que ainda assim possa contribuir para nos inventar a vida. Deixo, portanto, um simples texto que me veio.
Cesse o sopro, então inspire nada mais
Envolto em problemas científicos, canções de amor e futuros esquecidos.
Ao que aqui tudo é problema, perdendo a ciência, alheado seu amor e desvanecido o futuro.
Sobra quem para te ouvir cantar? Que é válido de se cantar?
Quando grita:
_Quero viver! Quero viver!
Por que então não vive?
A vida se ausentou de seu lado?
Em seu íntimo que agora habita?
Amanhã é tudo igual
Mataram os perfumes, as músicas e as cores.
Teu olhar já não chega mais,
nem me chegará.
Mas sonhe comigo,
pois eu sonho contigo.
Eu sei.
Somente isso,
eu sei.
02 maio, 2009
Quem está doente: Adriano ou os outros?
Quem está doente: Adriano ou os outros? (Retirado do Blog do Emir Sader - http://www.cartamaior.com.br/templates/blogMostrar.cfm?blog_id=1&alterarHomeAtual=1)
Que sociedade é esta que, quando alguém diz que não estava feliz no meio de tanto treino, tanta pressão, tanta grana, tanta viagem, que prefere voltar à favela onde nasceu e cresceu, compra cerveja e hambúrguer para todo mundo, fica empinando pipa – se considera que está psiquicamente doente e tem que procurar um psiquiatra? Estará doente ele ou os deslumbrados no meio da grana, das mulheres, das drogas, da publicidade, da imprensa, da venda da imagem? Quem precisa mais de apoio psiquiátrico: o Adriano ou o Ronaldinho Gaucho?
O normal é ter, consumir, se apropriar de bens, vender sua imagem como mercadoria, se deslumbrar com a riqueza, a fama, odiar e hostilizar suas origens, se desvincular do Brasil. Esses parecem “normais”. Anormal é alguém renunciar a um contrato milionário com um tipo italiano, primeiro colocado no campeonato de lá.
Normal é ser membro de alguma igreja esquisita, cujo casal de pastores principais foram presos por desvio de fundos. Normal é casar virgem, ser careta, evangélico, bem comportado, responder a todas as solicitações e assinar todos os contratos. Normal é receber uma proposta milionária de um clube inglês dirigida por um sheik, ficar pensando um bom tempo, depois resolver não aceitar e ser elogiado por ter preferido seu clube, quando antes ele ficou avaliando, com a calculadora na mão, se valia a pena trocar um contrato milionário por outro.
Considera-se desequilibrado mental quem recusa um contrato milionário, para viver com bermuda, camiseta e sandália havaiana. Falou à imprensa de todo o mundo, disposta a confissões espetaculares sobre o que havia feito nos três dias em que esteve supostamente desaparecido – quando a imprensa não sabe onde está alguém, está “desaparecido”, chegou-se até a dizer que Adriano teria morrido -, buscando pressioná-lo para que confessasse que era alcoólatra e/ou dependente de drogas, encontrar mulheres espetaculares na jogada.
Falou como ser humano, que singelamente tem a coragem de renunciar às milionárias cifras, eventualmente até pagar multar pela sua ruptura, dizer que “vai dar um tempo”, que não era feliz no que estava fazendo, que reencontrou essa felicidade na favela da sua infância, no meio dos seus amigos e da sua família.
Este comportamento deveria ser considerado humano, normal, equilibrado. Mas numa sociedade em que “não se rasga dinheiro”, em que a fama e a grana são os objetivos máximos a ser alcançados, quem está doente: Adriano ou essa sociedade? Quem ter que ser curada? Quem é normal, quem está feliz?
O indissolúvel nexo entre teoria e prática no marxismo
O indissolúvel nexo entre teoria e prática no marxismo (retirado do sítio da Carta Maior - http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15965)
No segundo texto da série "Marxismo e Século XXI", Emir Sader trata das relações entre teoria e prática no contexto da obra e do legado de Marx: "Um brilhante pensamento critico não costuma estar acoplado à prática política, enquanto forças políticas novas tem dificuldades para encarar os novos desafios políticos, em suas dimensões teóricas. Trata de valorizar a reflexão teórica, acoplada organicamente à prática política, e de enriquecer a prática política, iluminada pela reflexão teórica", defende.
Emir Sader
“Não se pode separar mecanicamente as questões políticas das questões de organização”.(Lênin, Discurso de encerramento do 11° Congresso do Partido Comunista da Rússia, citado por Lukacs no encabeçamento do seu ensaio “Notas metodológicas sobre as questões de organização”, em “História e consciência de classe”)
O marxismo foi concebido como teoria transformadora da realidade. Por essa razão, suas primeiras grandes expressões – Marx, Engels, Lênin, Trotsky, Rosa Luxemburgo, Gramsci, – foram, ao mesmo tempo, indissoluvelmente, teóricos e dirigentes revolucionários. Suas analises e denúncias estavam comprometidas com captar o nervo do real com suas contradições como motores da realidade, para poder compreendê-la na sua dinâmica e decifrar suas alternativas. Seu trabalho teórico estava intrinsecamente comprometido com projetos de transformação concreta e radical da realidade. Daí essa identidade indissolúvel entre trabalho teórico e direção política revolucionária, prática intelectual e trabalho partidário, as fronteiras entre suas atividades como teóricos e como dirigentes revolucionários eram tênues, a ponto que a primeira sistematização da idéia do comunismo – o Manifesto Comunista – foi encomendada politicamente e serviu como documento básico do primeiro partido internacional dos trabalhadores.
A partir do fenômeno que Perry Anderson chamou de “marxismo ocidental” (Nota: in Anderson, Perry, Afinidades seletivas, Boitempo Editorial), - resultado da combinação negativa da stalinização dos partidos comunistas e da repressão fascista - passou a haver uma ruptura entre teoria e prática, retornando, agora sobre o marxismo, a imagem do intelectual desvinculado da prática política, com a correspondente autonomização do discurso teórico. As estruturas partidárias, hegemonizadas pelo stalinismo, bloqueavam elaborações e debates teóricos e políticos alternativos, fazendo com que se produzisse uma nova figura no marxismo: o intelectual desvinculado da prática política. Seu correlato foi a prática política partidária desvinculada da elaboração teórica.
Inevitavelmente a analise e a denúncia passaram a predominar sobre as propostas, as alternativas. Houve um deslocamento dos temas, mas também um deslocamento a favor da teoria desvinculada da prática política. Prática política sem teoria, teoria sem prática – os dois problemas passaram a pesar comum um carma sobre o marxismo e a esquerda. A prática política da esquerda tendeu ao realismo, ao possibilismo, ao abandono da estratégia, enquanto a teoria marxista tendeu ao intelectualismo, a visões especulativas, de simples denúncia, de polêmicas ideológicas em torno os princípios, sem desdobramentos práticos.
Nas décadas mais importantes até aqui da sua trajetória – dos anos 20 do século passado em diante -, a esquerda não pôde contar com a articulação entre seus melhores intelectuais para elaborações que contribuíssem diretamente para enriquecer sua prática política e, ao mesmo tempo, um período de extraordinária riqueza na elaboração teórica do marxismo, não esteve diretamente articulada com a prática, enriquecida por ela e apontando temas e relações concretas de força.
A afirmação de Lênin que encabeça este artigo remete exatamente a isso: não existe um momento de elaboração teórica e depois um momento de aplicação concreta das conclusões teóricas. O marxismo articula intrinsecamente a política e as questões de organização, como uma das expressões da articulação entre teoria e prática. Uma analise marxista que não se articule com projetos de transformação revolucionária, castra o marxismo da sua diferença específica em relação a todas as outras teorias. Um intelectual que se diz marxista e não articula seu pensamento com a prática político-partidária, não assume o marxismo como pensamento dialético, como motor da prática política concreta. Corre todos os riscos de autonomizar a teoria, de desprezar as relações de força políticas, de não captar os movimentos reais da história. Foi o que afetou o marxismo ocidental, que não pôde aliar a imensa criatividade teórica dos autores que podem ser incorporados nessa categoria, à transformação dessa teoria em força material, pela penetração nas massas – conforme a afirmação de Marx. Perdeu a teoria sua dimensão transformadora, perdeu a prática política a imensa capacidade analítica da teoria.
Esse descolamento é politicamente grave, sendo responsável por um forte e reiterado sentimento de parte dos intelectuais, que se reivindicam legítimos representantes da teoria, que pretendem expressar em estado puro, que tem razão contra o abastardamento da política. (O próprio Lukacs expressou isso de forma consciente no novo prefácio de História e consciência de classe, quando confessa que sentia que sempre tinha tido razão e sempre tinha perdido politicamente, deduzindo que devia afastar-se da política.) Que, na realidade, entre a teoria e a realidade – sempre heterodoxa – ficam com a teoria e se isolam da prática, dos caminhos reais da história concreta.
Essa distância se torna ainda mais grave quando o mundo vive situações inéditas – hegemonia capitalista e imperial global, junto a exibição clara de suas debilidades e de retrocesso dos chamados fatores subjetivos da construção de alternativas anticapitalistas -, em que a reflexão teórica articulada com a prática política se torna ainda mais indispensável. O refúgio de setores da intelectualidade na denuncia de capitulações políticas, sem capacidade de propor alternativas, e a trajetória empírica, de adaptação correlações de força desfavoráveis por parte de forças políticas, constitui um quadro negativo, desfavorável à construção de soluções superadoras da enorme crise hegemônica que vivem nossos países e o mundo globalizado.
O exemplo dramático da Venezuela é muito significativo, em que um processo político inovador, corajoso, se choca com a oposição frontal de quase que a totalidade da intelectualidade universitária. Enquanto esta se divide entre um denuncismo de esquerda, sem ingerência política e capacidade propositiva alternativa, o processo político ressente de uma capacidade reflexiva vinculada á sua prática para contribuir a encarar seus dilemas e a definir seu futuro.
Mas o fenômeno se estende, de maneira mais ou menos similar, a todo o continente. Um brilhante pensamento critico não costuma estar acoplado à prática política, enquanto forças políticas novas tem dificuldades para encarar os novos desafios políticos, em suas dimensões teóricas. Se trata de valorizar a reflexão teórica, acoplada organicamente à prática política, e de enriquecer a prática política, iluminada pela reflexão teórica. Exemplos da articulação entre capacidade de elaboração teórica e de direção política fora, na América Latina, o chileno Luis Emilio Recabarren, o cubano Julio Antonio Mella, o peruano José Carlos Mariategui e, mais recentemente, o brasileiro Ruy Mauro Marini e o boliviano Alvaro Garcia Linera – demonstrando a factibilidade dessa articulação e de como ela fertiliza tanto a criação teórica, quanto a prática política.
A imagem do marxista universitário, desvinculado da prática política é uma contradição em termos, uma incoerência, da mesma forma que dirigentes políticos marxistas que não sejam ao mesmo tempo intelectuais revolucionários. O ponto de vista do marxismo é um ponto de vista de partido, desde um partido, desde a acumulação de forças para um objetivo estratégico, programático. Não se trata defender a teoria como cânone teórico intocável, mas de resgatar o marxismo como metodologia – sua única dimensão ortodoxa, segundo Lukacs -, de crítica e de superação da realidade existente.
Galeano
O Brasil é dos poucos países em que os artigos de Galeano não são publicados regularmente na imprensa – apesar de ele ser o melhor escritor latino-americano contemporâneo. A Carta Maior publicará, ao longo do ano, textos dos três últimos livros de Galeano publicados no Brasil pela LP&M, "De pernas pro ar", "Bocas do Tempo" e "Espelhos. A estréia é com textos do primeiro deles.
Emir Sader
Carta Maior também dá Galeano de presente. Quem ganha são seus leitores. O Brasil é dos poucos países em que os artigos de Galeano não são publicados regularmente na imprensa – apesar de ele ser o melhor escritor latino-americano contemporâneo. De tempos em tempos, podemos ler seus textos em livros que os reúnem. Recolheremos ao longo deste ano textos dos três últimos – "De pernas pro ar", "Bocas do tempo" e "Espelhos" – todos publicados no Brasil pela LP&M. Hoje começamos com textos do primeiro deles.Educando com o exemplo
A escola do mundo ao avesso é a mais democrática das instituições educativas. Não requer exame de admissão, não cobra matrícula e dita seus cursos, gratuitamente, a todos e em todas as partes, assim na terra como no céu: não é por nada que é filha do sistema que, pela primeira vez na história da humanidade, conquistou o poder universal.
Na escola do mundo ao avesso o chumbo aprende a flutuar e a cortiça a afundar. As cobras aprendem a voar e as nuvens a se arrastar pelos caminhos.
Os alunos
Dia após dia nega-se às crianças o direito de ser crianças. Os fatos, que zombam desse direito, ostentam seus ensinamentos na vida cotidiana. O mundo trata os meninos ricos como se fossem dinheiro, para que se acostumem a atuar como o dinheiro atua. O mundo trata os meninos pobres como se fossem lixo, para que se transformem em lixo. E os do meio, os que não são ricos nem pobres, conserva-os atados à mesa do televisor, para que aceitem desde cedo, como destino, a vida prisioneira. Muita magia e muita sorte têm as crianças que conseguem ser crianças.
Curso básico de injustiça
A publicidade manda consumir e a economia o proíbe. As ordens de consumo, obrigatórias para todos, mas impossíveis para a maioria, são convites ao delito. Sobre as contradições de nosso tempo as páginas policiais dos jornais ensinam mais do que as páginas de informação política e econômica.
Este mundo, que oferece o banquete a todos e fecha a porta no nariz de tantos, é ao mesmo tempo igualador e desigual: igualador nas idéias e nos costumes que impõe e desigual nas oportunidades que proporciona.
Pontos de vista /1
Do ponto de vista da coruja, do morcego, do boêmio e do ladrão, o crepúsculo é a hora do café-da-manhã.
A chuva é uma maldição para o turista e uma boa noticia para o camponês.
Do ponto de vista do nativo, pitoresco é o turista.
Do ponto de vista dos índios das ilhas do Mar do Caribe, Cristovão Colombo, com seu chapéu de penas e sua capa e veludo encarnado, era um papagaio de dimensões nunca vistas.
29 abril, 2009
Humor ou reprodução da violência

Uma camiseta ostentando uma palestina grávida sob uma alça de mira e a inscrição "Um tiro duas mortes". Foi a imagem escolhida por snipers (atiradores de elite) da infantaria israelense. Outras t-shirts exibem bebés mortos, mães a chorarem sobre os túmulos dos seus filhos, armas apontadas a crianças e mesquitas bombardeadas. Há uma loja em Tel Aviv especializada em imprimir as ditas camisetas e cada pelotão escolhe a imagem que vai usar. As atrocidades praticadas pela entidade nazi-sionista já não são escondidas – são mesmo exibidas.
Essa proposta já saiu de Israel e encontrei as camisatesas sendo vendidas na Irlanda, nas lojas de Dublin.
Será esse um humor refinado ou mera reprodução da violência ?
Tem coisas que perdem a razão ...
17 abril, 2009
Estupro

Palavra forte
Todas as vezes que ouvimos a palavra estupro nos recordamos de sinônimos como: coito forçado, ameaça, constrangimento, trauma, violência, violação, perda dos direitos sexuais e perda da liberdade.
Apesar de ser uma palavra totalmente carregada de negatividades, o ato do estupro pode ser julgado de diferentes formas, dependendo do caso de estupro.
Algumas pessoas acreditam que a violação dos direitos sexuais de uma menina de 10 anos é completamente diferente da violação dos direitos sexuais de uma mulher de 30 anos e por isso deve ser julgado de outra forma. A razão para essa opinião - inocência, ou a falta dela.
Dizem que quando criança, até o momento da adolecência, um ser humano é incapaz de expressar forçadamente a sexualidade ou se incinuar sexualmente de propósito. Todas as suas atitudes e reflexos estão condicionadas a inocênia de seu estado. Um estado que ignora a prática sexual e que não se importa com o comportamento do corpo (apesar de seu corpo já estar adestrado de acordo com as regras sociais - isto é - já carrega sensualidade e intenções, mesmo que elas sejam não intencionais).
Entretanto, quando uma mulher de 30 anos coloca uma mini-saia para sair de casa e se movimenta confortavelmente pela rua, ela está automaticamente se colocando na condição de vítima, ou seja, ela está provocando a condição de violada.
A idéia de colocar a vítima como uma influenciadora direta da condição de estuprada não é de hoje. O reflexo desse pensamento moralista pode ser constatado em qualquer pesquisa de opinião popular que pergunte aos intrevistados opiniões simples sobre o comportamento do corpo e o uso das roupas.
Para ilustrar, podemos pegar alguns dados elaborados pelo jornal "Irish Examiner" (Irlanda) e republicada pela revista "RAG" (revista do grupo anarcha-feminista de Dublin - http://www.ragdublin.blogspot.com/):
- 25% percent of people questioned believe that women who had been raped were in some way to blame for the attack.
- 10 % of people think the victim is entirely at fault if she has had a number of sexual partners.
- 37% think a woman who flirts extensively is at least complicit, if not completely in the wrong, if she is the victim of a sex crime.
- One is three think a woman is either partly or fully to blame if she wears revealing clothes.
- 38% believe a woman must share some of the blame if she walks through a deserted area.
- 25% believed a woman who was drunk and took illegal drugs was either partly or fully to blame.
Apesar do número de entrevistados reacionários não ser grande, preocupa o fato deles existirem.
Chama ainda mais a atenção quando a opinião do grupo sobre o ato do estupro começa a ser relacionado com outros comportamentos como, o consumo de drogas e álcool, a escolha pelo caminho público(ruas - ilumindadas ou mal-cuidadas) e, principalmente, as roupas escolhidas para o passeio aos locais públicos.
Será que o uso de substâncias (drogas e alcool) aumenta a chance da pessoa ser estuprada?
Pode até ser. A pessoa fica mais vulnerável. Mas isso não tem nada ver com o estuprador. É ele que provoca o estupro, é ele que força a situação. Quem utilizou as substâncias danosas não está pedindo, como o uso das substâncias, para que se torne vítima de nenhuma situação. Ou seja, não tem nada a ver culpar a pessoa que usou drogas ou álcool de ser cumplice sobre o ato. O coito forçado e o uso de drogas são coisas completamente diferentes.
Culpar a escolha do caminho público como sendo primordial no condição de ter seus direitos sexuais violados também é irracional. Ao invês de culpar o Estado ou os responsáveis pelos maus cuidos dos locais públicos, algumas pessoas preferem culpar a vítima do estupro como responsável pelo ato inconsequente de escolher caminhos "perigosos" em suas idas e vindas. A escolha das vias públicas se torna uma escolha da vítima no que se refere ao seu próprio desejo em se expor ou não ao estupro.
E para terminar, a escolha da roupa.
Esse ponto é mais delicado que os demais mencionados acima.
Aqui temos o moralismo claramente atuante como um influenciador direto na opinião das pessoas.
A partir do momento em que uma pessoa começar a julgar o uso de determinadas roupas por outra pessoa, o moralismo começa a pesar.
Não discordo que alguém possa utilizar determinadas roupas com a intenção de provocar reações. Mas também essas reações estão condicionadas aos tabus presentes no corpo humano.
Se aceitarmos o corpo humano, e seus movimentos, como algo em si, destacados de moralismos e tabus, provavelmente começaremos a reconsiderar a utilização das roupas e suas intenções.
A roupa viraria uma condição de conforto, e não mais de posição social e proposta.
Entretando, essa idéia está muito longe do real. O corpo humano, seus movimentos e as roupas estão transbordando de tabus e idéias prontas, pré-conceitos que determinam sua presença, utilização e reprodução.
É por isso que um de cada três irlandeses acreditam que a mulher é culpada de estupro se estiver utilizando roupas provocativas. E acredito que os números produzidos com essa pergunta devam se reproduzir pelo mundo afora.
Quem, de qual país do mundo, discordaria que mini-saia e decote muda a relação de uma pessoa com outras? Algumas sociedades até proibem essas vestimentas.
Algumas sociedades proibem as mulheres de ter vida pública.
Esse assunto dá muito pano para a manga. Vou parar por aqui.
a opressão está por todos os lados...
30 março, 2009
Direto do blog - José Saramago
Lá de longe em longe o dia amanhece diferente. Que o digam os índios da reserva indígena da Raposa do Sol no Estado de Roraima, ao norte do Brasil, a quem o Supremo Tribunal Federal acaba de reconhecer e confirmar definitivamente o seu direito à plena posse e ao uso pleno dos mil quilómetros quadrados de superfície da reserva. A sentença não deixa qualquer margem a dúvidas: os não índios devem sair imediatamente da Raposa do Sol, assim como as empresas arrozeiras que durante anos invadiram o território e nele se instalaram abusivamente. Já em 2005 o presidente Lula havia decidido a entrega da reserva aos indígenas e a saída das empresas arrozeiras, mas as autoridades do Estado de Roraima, favoráveis aos arrozeiros, recorreram ao Supremo Tribunal por considerarem inconstitucional o decreto presidencial. Quatro anos depois o Supremo decide a questão e põe uma definitiva pedra sobre o assunto. Nem tudo, porém, são rosas neste idílico quadro. Afinal, a luta de classes, tão discutida em épocas relativamente recentes e que parecia haver sido condenada ao caixote do lixo da História, existe mesmo. Com esta visão unilateral que temos, nós, os europeus, dos problemas sociais da América Latina, tendemos a ver unanimidades onde elas não existem nem existiram nunca. Na Raposa do Sol, os índios endinheirados, que também lá os há, fizeram causa comum com os não índios e com as empresas arrozeiras. A festa foi dos outros, dos pobres.
Cá para baixo, na Cidade Maravilhosa, a do samba e do carnaval, a situação não está melhor. A ideia, agora, é rodear as favelas com um muro de cimento armado de três metros de altura. Tivemos o muro de Berlim, temos os muros da Palestina, agora os do Rio. Entretanto, o crime organizado campeia por toda a parte, as cumplicidades verticais e horizontais penetram nos aparelhos de Estado e na sociedade em geral. A corrupção parece imbatível. Que fazer?
27 março, 2009
Perspectiva
05 março, 2009
O que vc tem a ver com isso?
Eu sou José Jonas Duarte da Costa. Sou professor do Departamento de História e do Programa de Pós-graduação em História da UFPB – Universidade Federal da Paraíba. Atualmente coordeno o curso de História para os Movimentos Sociais do Campo nesta Universidade. Sou graduado em História, mestre em Economia e doutor em História Econômica pela USP.
Diante da ofensiva de setores reacionários da sociedade brasileira contra o MST venho a público prestar minha irrestrita solidariedade e apoio a esse movimento social popular que hoje é o depositário da resistência democrática e da luta por um tempo melhor de justiça e paz na sociedade brasileira.
Minha aproximação com o MST ocorreu quando o nosso Departamento de História aprovou, ainda em 2004, um curso de história para os movimentos sociais do campo, em parceria com o PRONERA – Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, do INCRA/MDA, cujo demandante era o MST.
Nessa aproximação pude constatar que o MST é o que há de novo e revolucionário na sociedade brasileira, em termos de sua postura ética e dos valores disseminados. Há um código de postura no MST que se baseia na solidariedade, na justiça e na democracia interna, respeitando as diferenças, mas mantendo a unidade da ação política e social.
Nos primeiros quatro anos que convivemos com os alunos do MST, nós do mundo acadêmico tivemos a oportunidade de apreender com os (as) militantes do Movimento valores olvidados em nosso dia a dia de atividades de pesquisas e de ensino, numa universidade que parece fria diante do mundo ao redor. O MST trouxe à academia brasileira a vibração e os questionamentos de uma sociedade prenha de contradições, desigualdades e injustiças. Mas também trouxe métodos, técnicas e teorias baseadas na solidariedade com o próximo, na honestidade e na crítica corajosa da academia. Por isso conquistou a todos docentes, discentes e servidores que conheceram essa nova postura diante da sociedade alienada, consumista e individualista em que vivemos. Mostrou-se ser um pólo de aglutinação da resistência democrática. Sem partidarismos ou sectarismos, ao mesmo tempo em que se tornou pólo de aglutinação para os que lutam por um mundo de justiça e de liberdade. Para quem tem visão emancipadora para os oprimidos da Terra.
Por isso os fascistas, os reacionários e os adesistas da ordem perseguem e tentam criminalizar o MST. Porque ele, o Movimento, é avesso às injustiças. Porque não se cala diante das ignomínias. Porque denuncia a exploração. Porque organiza o povo. Porque eleva o nível político cultural das massas trabalhadoras. Porque desperta o povo brasileiro para lutar por justiça, por igualdade, por emancipação. Essa atuação do MST desperta a ira da classe dominante brasileira. Essa classe dominante que não pode ser chamada de elite para embelezar sua trajetória histórica suja e vergonhosa. Classe dominante escravocrata, preconceituosa. Que mantém sua opulência e consumismo à custa do sofrimento, da fome, da miséria e do abandono em que vivem milhões de brasileiros. Classe dominante que se associou submissa aos magnatas do capital internacional para entregar a pátria, nosso patrimônio comum. Deram de mãos beijadas a Vale do Rio Doce, a CSN, a TELEBRÁS e parte da PETROBRÁS. Classe dominante que se apropria por grilagem descarada das terras públicas na Amazônia, no Pantanal, no Cerrado e em várias partes do Brasil; que mantém trabalhadores escravos em sua sanha de acumulação nas mais modernas fazendas e usinas. Classe dominante parasitária, abarrotada de dinheiro fictício oriundo da especulação financeira e da jogatina nos mercados de ações. Enfim, classe dominante que em nada honra o Brasil e seu povo trabalhador, honesto, explorado, mas altivo.
Repudio energicamente esses representantes do poder judiciário e dos meios de comunicação, a serviço dos neofascistas disfarçados de democratas e enganosamente falando em defesa do Estado de Direito na tentativa de criminalizar o MST. Esses representam o autoritarismo, os poderosos, os que querem a manutenção da opressão e da injustiça social.
Vejam a quem serve o poder judiciário brasileiro - a instituição mais anti-democrática desse país; que de fato só observa a Lei quando é contra os pobres, os desvalidos, os indefesos. Os verdadeiros criminosos contra o povo, contra o patrimônio brasileiro e contra o Brasil estão impunes, por um poder judiciário que para esses é dócil, lento e ordinário. E a quem serve esses meios de comunicação de massa senão a esses setores neofascistas que vêm em onda no Brasil? Que entram nos lares brasileiros diariamente dizendo suas mentiras e espalhando a ideologia dos dominantes, dos exploradores. A ideologia do individualismo, do consumismo, da alienação.
Atacar o MST é atacar a esperança num tempo melhor.
Gostaria de falar sobre a experiência no curso de história para os Movimentos Sociais do Campo. E certamente falo em nome dos professores desse bravo Departamento de História que aprovou, por unanimidade, a segunda turma de História para os Movimentos Sociais do Campo, já em andamento.
No nosso curso de História tivemos os estudantes mais dedicados e esforçados da UFPB. Alcançaram um Coeficiente de Rendimento Escolar Médio de 8,65. Bastante superior aos dos nossos alunos de História do curso extensivo, que souberam acolher e apoiar a experiência magistral que desenvolvemos nesta Universidade e que mantém o curso de História da UFPB entre os dez melhores do Brasil. O índice de desistência do curso para os movimentos sociais do campo foi de apenas 3,2%. Dez vezes menos do que o índice médio da universidade. As monografias apresentadas pelos graduados em História oriundos dos Movimentos Sociais do Campo, particularmente do MST, foram destaque nessa universidade. Algumas estão para ser publicadas por editoras internacionais. Muitos desses alunos/militantes foram aprovados em concursos Brasil afora e em programas de mestrados.
A convivência com os militantes do MST nos orgulha, orgulha a UFPB e a todos que com eles socializam essa experiência. O espírito de solidariedade deles contagiou a muitos dos que com eles partilharam os estudos acadêmicos e as ações políticas na Universidade. Aos que com eles participaram das jornadas nos fins de semanas voluntários, quando realizavam limpeza no quarteirão onde estavam alojados. Quando decidiram colaborar com as colônias de pescadores da Praia da Penha, consertando barcos, redes e outros apetrechos da pescaria, quando resolveram fazer, semestralmente, mutirões de doação de sangue para o Hemocentro da Paraíba, como uma espécie de retribuição carinhosa à Paraíba pela recepção calorosa do nosso Estado a esses educandos/militante s oriundos de 23 estados brasileiros onde o MST se organiza.
Por isso não só apoio o MST, como sinto-me honrado de trabalhar com esse Movimento. Conclamo aos que lerem esse meu desabafo e concordarem com ele a cerrarem fileira numa grande mobilização internética e/ou de rua em apoio ao MST. O momento é crucial, pois em época de crise a direita mostra suas armas contra o povo e suas organizações. Revivemos momento de ameaça a vida democrática brasileira. Por isso é hora dos que defendem a democracia erguer os punhos unidos contra o avanço do autoritarismo e do golpismo. A direita quer acuar o Governo Lula em seu viés democrático, progressista.
Não podemos ficar indiferente.
A indiferença
Primeiro, levaram os comunistas,
mas eu não me importei
porque não era nada comigo.
Em seguida, levaram alguns operários
mas, a mim não me afetou
porque eu não sou operário.
Depois prenderam os sindicalistas
mas, eu não me incomodei
porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir chegou a vez
de alguns padres mas,
como nunca fui religioso,
também não liguei.
Agora, levaram-me a mim
e, quando me apercebi,
O que vc pensa sobre isso (!)?
22 fevereiro, 2009
Angustia
13 fevereiro, 2009
Dica...
-O autor que você gosta de ler está em lingua estrangeira e, por isso, o livro é dificilmente encontrado no país?
-Os preços dos livros estão nas alturas?
-É muito empenho pra achar um livro que valha a pena?
-O livro é pesado e dificil de ser manejado?
-A crise mundial pegou pesado no seu bolso?
Essa dica é pra você que consegue arrumar qualquer desculpa para justificar a falta de leitura.
Bom, a dica é o seguinte. São alguns sítios da internet em que você pode fazer donwload gratuito de divesos livros, manuais, textos e por aí vai. Todos em formato e-book e gratuitos.
É lógico que ainda temos a desculpa:
-Pô, mas em formato e-book eu vou ter que ler na frente do computador!! E aí tenho dois problemas - 1. me canso rápido na frente do computador e 2. não posso ficar no computador tanto tempo.
Porêm, você pode imprimir o livro a um preço bem mais aceitável que o preço do livro nas pratileiras. E isso já um grande incentivo para quem quer ler!
Quem tiver mais dicas, compartilhe conosco.
Os sítios são:
http://www.eduquenet.net/ebooks.htm
Sítio com divesos links para outros sítios que disponibilizam e-books gratuitos
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp
Sítio gerido pelo governo brasileiro que disponibiliza diversas obras clássicas, nacionais ou internacionais. Também tem vídeos e músicas.
http://www.aprendaki.com.br/livros.asp
Quase o mesmo acervo do sítio do domíniopúblico.
http://www.carlosromero.com.br/2008/07/textos-e-livros-gratuitos-para-praticar.html
O autor desse sítio organizou diversos sítios que ajudam as pessoas que desejam falar inglês à encontrar textos, leivros e vídeos na lingua estrangeira. Acho que é o sítio que melhor aglutinou todos os possíveis destinos virtuais de quem procurar um texto em inglês.
http://www.bibvirt.futuro.usp.br/index.php/
Sítio da Universidade de São Paulo. Contêm textos, livros, sons e vídeos.
http://www.4shared.com/network/search.jsp?searchmode=3&searchExtention=category%3A5
Sítio muito bom. Aqui dá para achar de tudo. De livros científicos à apresentações em power point.
Como diria "coletivo sabotagem".
Conhecimento não se compra, se toma!
O texto abaixo foi retirado do sítio http://membres.lycos.fr/sabotagem/venus/sitio.php3
Na dita "sociedade da informação" o bem mais precioso, como o próprio nome já diz, é a informação. Rumores fazem despencar bolsas, uma informação mal contada levar países a bancarrota, segredos privilegiados transformar um vendedor de cachoro quente em um novo magnata. Os conhecedores dos poderes quase milagrosos da informação detém um monopólio cada vez maior desse bem precioso . O conhecimento que poderia ser usado na intenção de engrandecer o homem e promover uma melhor comprensão de si e das coisas à sua volta se transforma, ou se mantém, em um bem material qualquer sob a regência das flutuações do mercado. E as leis, que segundo dizem alguns, deveria proteger o cidadão e elevar a todos e um nível de igualdade, misteriosamente se moldam a partir dos interesses desses comerciantes de informação.
Os homens que agora restringem o conhecimento protegidos por leis absurdas se esquecem que eles próprios se aproveitam do conhecimento deixado por gerações passadas que tiverem uma visão um pouco além de seu umbigo e em certo momento de suas vidas provavelmente imaginaram que suas idéias poderiam beneficiar a gerações futuras de um modo geral, e não uma pequena camada que pode pagar. Neste contexto esse grupo de bravos tomados de grande furor e espírito desbravador jogou sua nau na rede e hasteou a bandeira negra para terror e desespero do império. A distribuição de livros de forma gratuíta mais do que a simples violação de leis que consideramos injustas é acreditar que através do conhecimento, cultura e arte podemos buscar ser algo melhor, é não temer o futuro e acima de tudo teimar em ter esperança no homem.