15 julho, 2009

Kafka

Achei essa imagem tão kafkiana que me rendi a posta-la e fazer um comentário sobre a obra desse autor!

Realmente gosto da forma que Kafka escreve (ou escrevia) !! Mesmo lendo apenas comentadores (não tenho forças para aprender checo) e sabendo as limitações que a tradução da lingua causa a leiura de um texto, Kafka foi para mim, marcante. Mesmo não lendo todas as obras desse autor,
nem muitas tb. Kafka foi um dos primeiros que me convenceu a ler o mesmo livro mais de uma vez.

Quando comecei a ler "carta ao pai", não consegui parar mais. Como dizem por aí, destrui, comi, devorei, li tudinho do livro. De cabo a rabo. Não contente, indiquei a obra para todas as pessoas que conhecia. Ainda não contente, reli. E reli de novo. Sempre que terminava pensava: "Cara, esse livro é muito bom". Entretanto, o que mais se facinava era a forma em que eu conseguia ver o que se passava no livro e nem tanto a história em si. A descrição de Kafka sobre a vida dele era tão real que conseguia imagina-lo ao meu lado. Sem muito esforço. Vendo claramente o sofrimento do garoto diante o mundo que o rodiava. Com o tempo, fui cristalizando a idéia que a obra, por fim, não era apenas um relato pessoal. Mas sim, um convite a filosofia do cotidiano. A filosofia imaginativa que consegue nos transportar para além do nosso corpo e nos faz ter uma visão mais ampla sobre o mundo a nossa volta.

Tendo essa pré-idéia do trabalho de Kafka, fui atrás de outras fontes para confirmar a teoria.
Dito e feito, li a "Metamorfose" (algumas vezes também) e confirmei o que pensava!
O livro é curtíssimo, como "Carta ao pai", porém mostra a mesma visão de uma forma mais ampla. Kafka não narra a sim mesmo. Mas narra a história em terceira pessoa. O que amplia a visão da história, consegue mostrar mais o contexto geral e esclarece o convite a filosofia imaginativa. Na "Metamorfose" do personagem - de pessoa a barata, todos nós podemos nos ver.
Somos a barata de dia e a pessoa de noite, e vice e versa.
Cada atitude, ação, expressão, nos possiciona entre o 8 e o 80. Isso também envolve o que temos e, consequentemente, o que não temos. Kafka assim nos mostra o quão insignificante(inseto) podemos ser para aqueles que nos tem como iguais...
Mais uma vez, somos convidados por Kafka à olhar a nossa volta e a si mesmos. A visão do cotidiano coletivo e a constituição da sociedade como pilar moldador dos laços de interesse e ação, são problematizados e questionados pelo autor.

Terminado a minha história com Kafka, li o "O Processo". Esse sim um livro pesado! Bem maior e bem mais denso que os dois primeiros que li. Porém, um livro bem mais completo. Porém seguindo a mesma linha e estilo de "Metamorfose". O livro também é narrado em terceira pessoa e conta com um personagem que, como em "Metamorfose" não sabe o que está acontecendo a seu redor. O que parece é que da mesma forma que culpamos o "sistema" pelo erros da sociedade, o personagem de "O Processo" o faz. Sem saber o que está acontecendo ao seu redor, vai sendo levado ao fim, esgotamento físico e mental. Acorda em um dia normal sendo abordado por polícias que o levam preso, sem motivos. Assim começa o livro onde o personagem vai sofrendo com um processo que não encontra nenhuma conformidade e coerencia, sendo vítima de uma perseguição.
Como todos os personagens de Kafka nos livros que li, a perseguição e a culpa estão sendo caminhando juntas. Os personagens kafkianos sofrem psicologicamente com a dúvida constante entre vítimas ou criminosos. Essa questão está sempre na cabeça, atormentando.
Kafka nos põem a mesma minhoca na cabeça. Nos faz questionar nosso papel na sociedade em que livemos. Nos coloca de bandeja o contexto, explicitando o cenário e convidando ao debate!


--------------------------------Sobre o autor (Wikipedia)

Franz Kafka (língua tcheca: František Kafka)(Praga, 3 de julho de 1883 - Klosterneuburg, 3 de junho de 1924) foi um dos maiores escritores de ficção da Língua alemã do século XX. Kafka nasceu numa família de classe média judia em Praga, Áustria-Hungria (agora República Tcheca). O corpo de obras suas escritas— a maioria incompleta e publicadas postumamente[1]— destacam-se entre as mais influentes da Literatura ocidental[2].

Seu estilo literário presente em obras como a novela A Metamorfose (1915), e romances incluindo O Processo (1925) e O Castelo (1926) retratam indivíduos preocupados em um pesadelo de um mundo impessoal e burocrático.

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Albert Camus
Nikolai Gogol

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