24 junho, 2010

Conversas atravessadas

Estávamos no ponto de ônibus, que em Curitiba é chamado de tubo por sua estética peculiar.
A nossa frente estava a porta de embarque, já aberta para a parada do ônibus e o embarque da tripulação. Além dos passageiros, também se encontrava dentro do tubo o cobrador, encarregado de sua administração e cobrança de tickets.
Enquanto esperávamos, veio vindo, pelo corredo de ônibus, um velho senhor caminhando em velocidade esperada. Cabelos grisalhos contra o vento. Roupa confortável e, na mão, uma bengala. Não a fazia de suporte. Apenas a trazia como quem leva um livro a passear sem a intenção de folha-lô.
Chegando ao ponto de ônibus, o senhor fez questão de pagar a sua passagem. Mesmo sabendo que pessoas daquela idade são isentos desse esse tipo de coisa. O senhor fez questão de comprimentar o cobrador também, com um bom dia mais morto que vivo. O bom dia do senhor, voltou com outro bom dia do cobrador. E a conversa começou.
-Bom dia. Disse o Senhor.
-Bom dia Sr. Jorge. Disse o cobrador
-Que ótimo. Respondeu o Senhor
-Sabe porque eu lembro do nome do Senhor, Sr Jorge?
-Hummmmm?
-Porque meu irmão chama-se Jorge.
-Entendi.
-Gente boa. Disse o cobrador.
-Obrigado. Respondeu o Senhor. Obrigado. Novamente ele disse
-Sabe que nós gostamos muito do senhor, né! Disse o Senhor.
Enquanto isso, o ônibus chegou.
Hora de embarcar.
-Até mais seu Jorge. Disse o cobrador
-Até seu José. Se despediu o velho senhor.