23 junho, 2009

If you say so - Alem



Instituições totalitárias permeiam a nossa vida.
Do nascimento a nossa morte temos contato com várias dessas instituições, seja o estado, a igreja ou a escola.
Todas elas tem um mote, um objetivo na sua existencia e reprodução.
Existem com a justificativa baseada na dinâmica social. Nossa atual geração só conhece o mundo com a existência delas. Atualmente não acredito que existam muitas pessoas no universo que pensam o planeta terra livre das instituições totalitárias.
A, aparentemente, mais catequizadora e castradora instuição que temos atualmente, a igreja, a muito não é obrigatória, porém continua entre nós. Influenciando nossas atitudes e, assim, o nosso futuro.
O Estado, coitado. Está aí também. Você nasce e já pertence a ele. Antes mesmo de se pertencer a si mesmo.
A Escola, vai ganhando força como berço da nação. Nas reuniões da ONU a importância da educação é sempre reforçada. É o primeiro passso. A tacada inicial. O primeiro teste. A primeira prova.

Todas essas intituições tem leis e regras. Coordenam o ritmo da nossa caminhada. Dizem o que podemos e o que não podemos fazer. Incriminam e recriminam. Julgam e subjulgam.
Fazem o que seus líderes querem.
E para isso, contam com instrumentos de repressão.
Temos a polícia no Estado,a diretoria na escola e o inferno(quando não a inquisição) na igreja.
Exorcizados e queimados todos os pecados/pecadores vão para "o saco".
O sem fundo, o sem consideração, o sem futuro.
É como se as pessoas recebessem um carrimbo. Daqueles que servem para marcar o gado.
NEGADO! REVOGADO! BANIDO! (o imprestável)

Funciona assim, você tem um empresa que produz livros.
A bobina que alimenta a quantidade de papel a ser impresa ficou velha e quebrou, porém ainda funciona. Mas não está mais produzindo de acordo com o necessário.
Para resolver o problema você compra outra bobina. Nova, cheia de força e energia e que pode aguentar por um bom tempo o processo de fabricação dos livros.
Essa nova bobina foi escolhida no meio de milhões de bobinas que foram fabricadas pela empresa de bobinas. Todas são igualmente identicas. O que as diferencia é o momento e o ponto no espaço que cada bobina ocupa. Isso faz com que algumas bobinas tenham o privilégio de ser utilizadas para fazer livros e etc, enquanto outras vão para o estoque de bobinas. Algumas bobinas tem a sorte de serem vendidas e aproveitadas, enquanto outras são postas de lado, esperando a chance de um dia serem utilizadas para demonstrar a sua capacidade. Entretanto as que não são vendidas vão para o arquivo morto, sendo substituidas por bobinas novas, feitas com nova tecnologia, fruto de um processo escolar atualizado.
E tudo começa novamente.
A troca da bobina é naturalmente aceita e tem caracter de necessidade!

Esse esquema é tão forte que as pessoas incorporam essa visão.
Se transformam na própria reprodução do sistema. Fazendo com que esse ganhe força e viva através do cotidiano.
E o que um dia eram meras bobinas se tornam meras pessoas.
Porém, na contabilidade final - Ambos são números.
E quando tudo são numeros tudo é naturalmente frio e sensato.
Julgar, Repossicionar, Negar, Recriminar, Avaliar, Contabilizar, Somar, Cortar, Estudar, Comprar, Fazer, Desejar, Se Preocupar, Crescer, Desenvolver, Vencer, Dizer Alem, Ir ao Museu e Dizer Alem.

22 junho, 2009

O paradoxo da qualidade de vida

A qualidade de vida é um ideal bastante difuso mas que, aparentemente, estamos todos precisando. Hoje em dia, é obrigatório termos qualidade de vida. O conceito de qualidade de vida é usado para vender desde seguros a laxantes. A mídia nos sugere que, para ter qualidade de vida, é preciso ter. Ter alguma coisa, produtos, serviços ou o que o publicitário da hora quiser nos vender. Geralmente, anúncios ligados à qualidade de vida apresentam fotografias de crianças sorridentes, cães da raça labrador e jardins floridos.
Mais além da pressão pelo consumo que a sociedade possa nos impor, acredito que a qualidade de vida não esteja apenas em adquirir esses produtos ou serviços, nem apenas em respirar ar puro ou alimentar-se bem. Qualidade de vida, num sentido mais amplo, é também ser dono do seu próprio destino, ser capaz de fazer da sua vida uma obra de arte.
Podemos distinguir três diferentes aspectos na qualidade de vida: 1) a qualidade da relação que mantemos com a natureza, 2) a qualidade da relação que mantemos com os demais, e 3) a qualidade da relação que mantemos com nós mesmos.

1) A relação com a natureza
A qualidade de vida, no primeiro aspecto, significa verificar se o ar que respiramos é o ar que gostaríamos de respirar, ver se a água que bebemos é a água que gostaríamos de beber, se o chão que pisamos é o que gostaríamos de pisar, etc. A sociedade urbana contemporânea organizaou a vida humana de tal maneira que há muito pouco espaço para o contato com a natureza.
Por exemplo, você lembra quado foi a última vez que sentou à frente de uma fogueira? Quando foi a última vez que viu ao vivo uma baleia ou um golfinho? Você consegue apontar para o norte desde a janela do seu quarto? Em que fase encontra-se a lua neste momento? Dedicar alguns momento diários ao contato com a natureza, seja tomando sol, caminhando descalço ou apenas sentando embaixo de uma árvore, são pequenos atos que nos trazem calma e nos ajudam a harmonizar nossos ritmos interiores com o ritmo em que pulsa a força criativa do universo.

2) A relação com os demais
Todas as relações humanas, bem como aquelas que fazemos em direção à natureza, deveríam estar pautadas pela princípio áureo da reciprocidade: não faça aos demais aquilo que não gostaria que os demais fizessem consigo. Ésta afirmação é universal, e pode ser encontrada, com pequenas variações, em todos os códigos de convivência de todas as culturas e civilizações. Da mesma forma, deveríamos estender essa atitude a todas as criaturas vivas. Isso chama-se dharma. Ninguém devería questionar o direito do outro a viver.
Os humanos, diferentemente das plantas e dos animais, somos dotados de livre arbítrio. Todos damos muita importância à nossa liberdade mas, a bem da verdade, nem sempre sabemos o que fazer com ela. Quando os atos nascidos do meu livre arbítrio ferem o direito dos demais, estou atropelando o dharma. Isto não produz desconforto imediato apenas para o outro, mas também para mim mesmo. Nem sempre consigo perceber isso de maneira clara a conexão entre o desconforto do outro e o meu próprio desconforto.
Muitas vezes exigimos atitudes dos demais em relação a nós mesmos, mas não estamos dispostos a sermos recíprocos fazendo a nossa parte.

3) A relação consigo próprio
Este terceiro aspecto da qualidade de vida, acredito, é o mais importante de todos. Como podemos estabelecer alguma relação com nós mesmos, se não nos conhecemos? Meu amigo Shane McCrudden, da Austrália, realizou um documentário muito interessante chamado The Burning Question, título que poderíamos traduzir livremente para o português como “a pergunta que não quer calar” ( http://www.youtube.com/watch?v=A69GMYraXsQ ). Ele entrevistou muitas pessoas diferentes, fazendo a todas uma única pergunta: “quem é você, realmente?” É incrível como as pessoas, defronte à pergunta, desviavam os olhos da lente e só respondiam com evasivas ou com um constrangedor silêncio recheado de expressões faciais muito eloqüentes.
A imensa maioria das pessoas não consegue relacionar-se corretamente consigo próprias por causa do analfabetismo existencial. Nós não sabemos quem somos. Isto é mais grave do que não saber onde fica o Brasil no mapa-múndi. Se não tenho claro quem sou, como poderei me relacionar comigo mesmo e com os demais? Além das necessidades do meu corpo, das dúvidas da minha mente ou dos desejos do meu ego, eu sou uma pessoa simples e tranqüila, e que a matéria prima da qual estou fabricado é felicidade e plenitude, verdadeira e auto-consciente. Nada mais. Tendo isso claro, percebo a minha qualidade de vida como um objetivo mais concreto e fácil de ser alcançado.

A boa vida é a vida feliz


A idéia de qualidade de vida nos lembra aquilo que na Grécia antiga, há mais de 2300 anos, o filósofo Aristóteles chamou a boa vida. Boa vida não é exatamente o “vidão” que está no imaginário da maioria das pessoas.
O resultado dessa boa vida é um estado de felicidade que está vinculado com a realização mais elevada do ser humano, que Aristóteles denominou eudaimonia. A boa vida, segundo ele, é uma condição na qual os indivíduos podem viver plenamente felizes e realizados. Não é apenas ter alegria, conforto, prazer ou segurança.
Este filósofo considerava a ética como uma ciência prática, na qual fazer era mais importante do que apenas refletir, e que ela que tinha um papel fundamental na realização da boa vida. Assim, ele ensinava que todas as ações humanas deviam estar em função desse bem maior que é a felicidade, que ao mesmo tempo permeia e resulta da boa vida. Aristóteles pensava que, para realizar a boa vida, devemos viver uma vida equilibrada, evitando os excessos, e que esse equilíbrio deve ser individualizado para cada pessoa.

O caminho do meio


Algo que caracteriza o pensamento deste grande filósofo é a busca do caminho do meio, que ele chamou de meio áureo. Esse meio áureo é o ponto de equilíbrio desejável entre o excesso e a deficiência. Por exemplo, no caso do sentimento de coragem, é preciso encontrarmos o ponto de equilíbrio entre o medo e a confiança. Excesso de medo ou falta de confiança podem nos imobilizar. Excesso de confiança ou ausência de medo podem nos levar a agir de modo torpe ou precipitado. O mesmo vale para os demais sentimentos vinculados com a tomada de decisões e a realização de ações.
O florescer da felicidade nada tem a ver com honra, riquezas ou poder, mas com a atividade racional dentro dos parâmetros da virtude. Trocando em miúdos, com fazer a coisa certa. Tal atitude manifesta virtudes do carácter como a honestidade, a fraternidade, a temperança e a eqüanimidade. Esse estado de plenitude ativa foi chamada summun bonum, o bem supremo, aquele fim que não serve como meio para mais nada, mas que justifica todos os meios, pois é o fim definitivo.
A boa vida não é uma vida de busca de prazeres ou satisfação pessoal, mas é a vida mais prazerosa. A boa vida não é uma vida que busque a riqueza pela riqueza em si mesma, mas um fim ao qual a riqueza está subordinada. A boa vida não alimenta a necessidade de reconhecimento por parte dos demais, pois a pessoa que a cultiva encontra a dignidade intrínseca a ela própria. A boa vida não busca a virtude, pois a virtude é uma conseqüência de cultivar a consciência, e não a causa dela.
Em suma, a vida de uma pessoa plena, satisfeita e feliz, é uma vida completa em si mesma. Concluíndo, podemos perceber a importância do auto-conhecimento para termos uma vida plena e feliz. Sem esse auto-conhecimento, de nada nos vale ter uma vida próspera e confortável, num lugar tranqüilo onde se respira ar puro, pois continuaremos sem contentamento.


Pedro Kupfer



Pedro Kupfer é uma das pessoas mais sensatas que conheci, por isso resolvi compartilhar um dos seus textos.

16 junho, 2009

Felicidade palavra coletiva

Foi, voltou e terminou no canto.
A festa não era das mais animadas, porém ele também não consegui encontrar dentro de si a alegria para se motivar por conta própria.
A culpa caiu sobre a música, as pessoas, o ambiente e o preço das bebidas.
Não que não existisse uma auto-crítica. Pelo contrário, esse movimento cerebral estava em ação a todo o momento. Entretanto, seria um fardo muito pesado a ser carregado pelo próprio corpo, precisava compartir o fardo da derrota com o mundo.

Sim, a infelicidade precisa ser compartilhada, da mesma forma que a felicidade é. Se a felicidade é coletiva, porque não fazer da infelicidade a mesma matéria.
A gente atribui à x, y e z os motivos da nossa alegria. Que seja a sorte, o detalhe ou o conjunto. Tudo conspirando na mesma direção, fazendo nosso astro brilhar. Transformando o cinza em azul e assim por diante.
Mas de onde vem a tristeza? Seria a falta de sorte a origem da tristeza? Seriam vários detalhes? Seria todo o conjunto? Dificil explicar.
Provas e contrasprovas estão por todos os cantos. Podemos encontrar diversos tipos de pessoas, das mais variadas, das que tem todos os bens materias e são infelizes as que não tem nada disso e são felizes.

Eu penso e repenso essa condição. Sinto isso na minha vida, a cada passo. Parece até que é culpa do chão. Como aquelas vezes que vc esta quentinho e pisa descalço sobre o chão gelado da cozinha. Seu corpo não esfria direto, vai esfriando aos poucos, e quando vê, está com frio.
Sinto isso. Minha vida esquenta e esfria. Parece até que o calor é o motivador do frio e o frio é o motivador do calor, ou felicidade gera a infelicidade e vice e versa. Valorizo o passado quando percebo isso. Valorizo cada momento, cada interação. Tenho a certeza que ela foi única e teve uma razão de ser. Sou o que sou por conta do que passei, do que vivi e do que consegui absorver para mim. Humm, e estava esquecendo, sou o que sou também por conta do que consegui transmitir para os demais que estão a minha volta.

Afinal, se a felicidade (e a infelicidade) é coletiva mesmo, espero poder ser o propagador da mesma, seja pelos momentos que vivo por mim ou pelos que vivo através de meus companheiros. E espero que aos meus companheiros eu não seja só um felicidade-suga, mas um infelicidade-suga também, e que nesse proceso eu também possa ajuda-los a compreender melhor todas as fazes da vida.

Falta de tempo é desculpa daqueles que perdem tempo por falta de métodos.

Albert Einstein

02 junho, 2009




Some people think personal desire transcends economic and social differences, and they say: "My feelings will not be represented". But personal happiness is inseparable from the world in which it must find expression: precisely beacuse they transgress normal expectations of who can marry whom, our private feelings have unavoidably public significance!