26 janeiro, 2009

Palavrões - Millor Fernandes

Lendo o texto do Daniel (post anterior a esse) me lembrei de um escritor brasileiro de considerada fama. Esse é Millor Fernandes, atual colaborador da revista Veja.

Com o interesse de despertar a curiosidade do Daniel para esse autor, me empenhei na procura de um blog ou um sítio que dissesse algum coisa sobre Millor ou que disponibilizasse textos periódiocos do mesmo.

Por fim, minha busca se encerrou no espaço do sitio da UOL, sitio em que o Millor escreve periodicamente (http://www2.uol.com.br/millor). Além dele, é lógico, encontrei outros diversos sitios que publicam e publicaram trabalhos do Millor.

Em um deles, http://rededoblog.blogspot.com/2008/09/palavres-por-millor-fernandes.html, encontrei um texto sobre "palavrões" que me fez rir bastante(posto ele abaixo).

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Breve histórico de Millor (encontrado no Wikipédia)

Nasceu Milton Viola Fernandes, tendo sido registrado, graças a uma caligrafia duvidosa, como Millôr, o que veio a saber adolescente. Aos dez anos de idade vende o primeiro desenho para a publicação O Jornal do Rio de Janeiro. Recebe dez mil réis por ele. Em 1938 começa a trabalhar como repaginador, factótum e contínuo no semanário O Cruzeiro. No mesmo ano ganha um concurso de contos na revista A Cigarra (sob o pseudônimo de "Notlim"). Assumiria a direção da publicação algum tempo depois, onde também publicaria a seção "Poste Escrito", agora assinada por "Vão Gogo".

Em 1941 volta a colaborar com a revista O Cruzeiro, continuando a assinar como "Vão Gogo" na coluna "Pif-Paf". A partir daí passa a conciliar as profissões de escritor, tradutor (auto-didata) e autor de teatro.

Já em 1956 divide a primeira colocação na Exposição Internacional do Museu da Caricatura de Buenos Aires com o desenhista norte-americano Saul Steinberg, e em 1957 ganha uma exposição individual de suas obras no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Dispensa o pseudônimo "Vão Gogo" em 1962, passando a assinar "Millôr" em seus textos n'O Cruzeiro. Deixa a revista no ano seguinte, por conta da polêmica causada com a publicação de A Verdadeira História do Paraíso, considerada ofensiva pela Igreja Católica.

Em 1964 passa a colaborar com o jornal português Diário Popular. Em 1968 começa a trabalhar na revista Veja, e em 1969 torna-se um dos fundadores do jornal O Pasquim.

Nos anos seguintes escreveria peças de teatro, textos de humor e poesia, além de voltar a expor no Museu de Arte Moderna do Rio. Traduziu, do inglês e do francês, várias obras, principalmente peças de teatro, entre estas, clássicos de Sófocles, Shakespeare, Molière, Brecht e Tennessee Williams.

Depois de colaborar com os principais jornais brasileiros, retorna à Veja em setembro de 2004.

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Millor Fernardes - Palavrões

Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia. "Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?

No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não!" e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, absolutamente não!" o substituem. O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.

Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.

São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepone", "repone" e, mais recentemente, o "prepone" - presidente de porra nenhuma. Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!". E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e sai à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.

E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?

Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!". Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala.

Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas.Me liberta. "Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!". O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal. Liberdade, igualdade, fraternidade. E...foda-se!"

2 comentários:

Kbça disse...

Fala mano !!!! Da hora que vc curtiu a leitura do texto!!! Foi bem em cima do q vc escreveu mesmo q fui construindo as ideias !!!! Valeu ai !!!! Quanto ao Millor, quase `caguei de tanto rir` quando li o texto dos palavroes... Muito bom!!! vou ver se procuro ler mais algumas coisas dele....
Valeu o toq ai doidao !!!!
is we...

leogarin disse...

Eu só postei esse texto aí porque tb caguei de rir !!! hehehehe
Procure mais coisas dele sim. Acho q vale a pena.
O sitio que ele escreve na uol é um bom lugar para acompanhar o millor.
É isso aí mano.
Is we