22 agosto, 2008

Cem anos de solidão

Após me deleitar com o livro do fabuloso escritor colombiano, muitas de suas palavras ficaram na minha cabeça. Como a latejar em extremos acessos de enxaqueca.
São palavras, frases, máximas, que dizem respeito sobre a vida e nosso modo de viver o cotidiano.
Para Gabriel Garcia Marquez em “Cem anos de solidão”, o tempo deixa de ser linear. Ou seja, deixa de ser da forma que o vivemos. Onde momentos ficam no passado. Pelo contrário, a vida em Macondo - cidade em que se passa o romance - o tempo é circular. Isto é, vai e volta. Os acontecimentos do presente não são mais que manifestações cíclicas, que já tiveram seu momento no passado e terão alguma influencia no futuro próximo. Seja ele de uma década, seja ele de cem anos.

Garcia Marquez elege uma família em Macondo - os Buendia. E através dessa família o autor ilustra a trajetória da cidade, que está intimamente ligada a própria trajetória dos Buendia. Com personagens de características semelhantes o autor utiliza-se dos nomes e dos acontecimentos para demonstrar a forma ciclica que a vida toma. São nomes como Aurelianos, José Arcadios, Remédios, Úrsulas, entre outros, que vão e vem se repetindo através de gerações, passando e se transformando em acontecimentos notórios que vão se repetindo, ou apenas se completando, idealizando a perspectiva ciclica da vida que passa o autor. Morte e vida se revezam em um misto aprendizagem e troca de conhecimentos.

Além de toda a soma de conhecimentos depositados pelo autor em "Cem anos de solidão", o leitor também poderá agregar conhecimento se possuir ferramentas para isso. Algo que deixa a leitura muito mais interessante!
No caso específico, algo de grande contribuição para a leitura, já que o foco do autor é na idéia de uma da vida cíclica e não linear, é voltar a atenção para a analise da contagem do tempo.
Na perspectiva adotada hoje, a vida se mostra linear ao nossos olhos. Nascemos e morremos. Tudo passa e nada se repete. Entretanto, outras civilizações adotavam outra forma de calcular o tempo, uma maneira cíclica, baseada na transformação da natureza e nos ciclos naturais. Com esse ponto de vista ganhamos mais que perdemos. Não mais participamos de momentos que não voltarão mais. Pelo contrário, participamos de um ciclo, com constantes indas e vindas.

Entre as civilizações que utilizavam esse forma de contagem do tempo está a civilização Maia. Uma das maiores aglomerações populacionais antes da chegada dos europeus na América. A civilização Maia vivia no Sul do México e foi totalmente exterminada pelo espanhol Raúl Cortez e seus discípulos quando esses encontraram os Maias. Apesar do extermínio, algo muito interessante ficou do legado Maia, são suas noções de astronomia e a forma que calculavam seus ciclos. Existe um vídeo muito bom na internet e seria interessante dos nós assistirmos, não apenas quem leu Gabriel Garcia Marquez, mas a todos que pensam em outras formas conhecimentos, pela intensidade e pelas possibilidades que abrem a perspectiva de pensamento Maia. Vou postar apenas primeira parte do vídeo aqui (são 6) e quem se interessar procure mais no youtube.com. Vale lembrar que esse vídeo foi feito pelo canal History Channel, o que significa um pouco de expetacularização, de qualquer forma, acho que vale a pena dar uma olhada.





Para finalizar, vão aí algumas frase de Gabriel Garcia Marquez em "Cem anos de solidão", que expressam outra luta do autor no romance - tirar as teias de aranha dos livros e do saber criado.
Para o autor, era uma perda tempo produzir para ninguém. A produção, seja ela qual for, deve ser distribuida, utilizada e aprendida. Aí vão algumas passagens encontradas nos "Cem anos de Solidão":

"A sabedoria não valia a pena se não fosse possível se servir dela para inventar uma nova maneira de preparar o feijão"

"O mundo terá acabado de se foder - disse então, no dia em que os homens viajarem de primeira classe e a literatura no vagão de carga"

"O que mais me aborrece - ria - é o tempo que perdemos"

"Merda, costumava rir, Quem havia de pensar que nós iríamos realmente acabar vivendo como antropófagos!"

É isso aí gente.
Tenham ótimos mosmentos com
“Cem anos de solidão – Gabriel Garcia Marquez”

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