04 março, 2008


CANÇÃO PARA UMA DESPEDIDA.
(Murilo Benzatti Moro)

Eu antecipo erros,
cometo deslizes,
enfio os pés pelas mãos por medo,
mudo minhas próprias diretrizes.

Gosto e desgosto do mesmo jeito,
deixo fluir enquanto aprecio,
paro por um segundo, me deito,
ai me vem aquela sensação de vazio.

Eu sinto muito, mas eu já não te amo mais
e com você eu digo que estarei andando pra trás.
Entenda, meu bem, que as coisas vem e vão.
Erga a cabeça como eu fiz, não tive medo do não.

Que conselhos amor? Que conselhos posso dar-te?
Será que é cedo pra dizer que é tarde?
Será que valemos todo esse alarde
ou somos apenas mais dois incomuns?

Dizer que o tempo cura tudo eu não digo,
é besteira que a gente diz no ombro consolado.
O tempo é um telhado que protege,
mas que sempre deixa entrar um raio ensolarado.

Que esse raio incendeie a chama que apago agora
e que tuas promessas de morte sejam apenas cantos.
Quem sabe o mundo é bem melhor lá fora
do que aqui junto dos meus e dos teus prantos.

Chorei demais amor, confesso
e digo que ainda há mais o que derramar,
mas prefiro molhar meu chão lá fora e me despeço
com um pedaço do que significou te amar.

Sei que a porta parece trancada por fora
e que agora talvez não seja a hora
de você partir com as minhas lágrimas,
mas a partida é pouco dolorosa quando se faz menos trágica.

Que fique a memória,
que fique o desejo,
que fiquem os beijos
e que o tempo conte a nossa história.

3 comentários:

Anônimo disse...

intenso e profundo...
lamento recente do que poderia ter sido...ou ter sido ja bastava...ja era o mais que poderia se obter da reciprocidade, da convivencia e da interacao que um poderia e estava disposto a dar ao outro...
menos lamento e mais alegria por ter tido um tempo com alguem que exitou o aprendizado...ou queria tu mais tempo?

leogarin disse...

Não precisamos de mais tempo para nada nessa vida.
As coisas acontecem no tempo em que devem acontecer. Se não ocorreu mais, é porque não deveria mais. Tudo tem seu tempo e ele deve ser respeitado para que as relações não entrem em um desequilíbrio irreversível que pode causar conseqüências (mais) marcantes nas pessoas envolvidas

Murilo Moro disse...

enfim achei seu blog...

que bom que gostou do poema =P

fique à vontade para entrar sempre