12 março, 2008

(A)benç(ã)oado

Nossa vida se desenrola em processos. São momentos que vão e vem e que, de uma forma ou de outra, se apresentam diante de nossos olhos como ciclos. Algo que se inicia em um determinado momento e se encerra logo depois. Esses ciclos podem ter longa duração ou serem curtos, quase dificeis de serem chamados ciclos. O fato é que observando de longe e dividindo a vida em esferas de atuação podemos notar que vivemos vários ciclos ao mesmo tempo.
Não necessariamente vivemos momentos semelhantes nessas diferentes esferas. Para ilustrar isso podemos pegar o ditado: Sorte no jogo, azar no amor.
E frase não nos coloca na situação de azar no amor se tivermos sorte no jogo, mas vale de consolo para aqueles que não conseguem congruencia entre essas esferas de atuação da vida cotidiana.
A forma cíclica da vida faz com que não entremos em desespero perante as fases ruins de nossos ciclos. Sabemos que logo se iniciarão novos momentos e dentro deles depositamos a esperança da mudança, de transformarmos o panorama do jogo ao contrário, fazendo ele atuar a nosso favor.
Outra forma de virar o jogo é a aceitação. A aceitação faz parte do processo de reflexão a que estamos sujeitos. Através dela podemos reconsiderar e mudar nossa relação com os elementos que nos causam tormento. Aceitamos o dado e começamos a estabelecer outras relações com ele, deixando de buscar o consolo, que é fruto de uma decepção, e indo atrás de novas descobertas ou novos caminhos no caminho que já se conhece.

Para alcançarmos o caminho da reflexão temos que ser incentivados. Seja por nós mesmos ou por elementos externos que despertam nossa atenção.
O bom mesmo é quando, acostumados com a inquietação do novo, não precisemos de mais incentivo nenhum. Partimos para cada experiência com o ofício de buscar o novo sempre.
Não ficando satisfeito com a chegada no final da corrida, mas tentando analisar cada parte dessa corrida com a consciência de que em todos os momentos que percoremos esse trajeto a nossa atitude poderia ter modificado o resultado final da ação.
Falamos de atitudes e de momentos.

Cada toque, cada olhar e cada sinal é extremamente importante e deve ser considerado na avaliação para a compreensão de nossas trajetórias. É lógico também que além das micro relações não devemos desconsiderar as macro relações, aquelas que fazem parte da estrutura do sistema em que vivemos e que determinam em grande parte cada toque, cada olhar e cada sinal que interagirá conosco.

Fazemos parte de uma infinidades de ciclos. Não somente os biológicos e sociais, que podem ser sentidos individualmente, mas algo mais complexo que alia esses dois e se transforma em um infinidade de possibilidades individuais, coletivas e estruturais.

Existe algo para além da matéria, algo que não podemos ver e nem sentir enquanto corpo físico. Algo que estrapola os limites humanos de compreensão (até é por isso que os sociólogos não conseguem dar as respostas que esse mundo quer - já diria Weber) E enquanto não podemos dizer nada sobre isso. Vamos vivendo, mentalizando boas energias e desejando a todos um caminho repleto de reflexões e questionamentos, para que não nos acostumemos com o que já está feito, nos tornando eternos aprendizes, para sempre insatisfeitos, eternos conhecedores.

E para inicio da reflexão coloco uma passagem que meu amigo - Felipe Trovão - me endereçou outro dia. Acho que é um bom "abre alas" para aqueles que começarão a trilhar novos caminhos e que precisam da tranquilidade necessária para observar onde vão pisar e em que lugar construirão seu castelo (e que esse castelo seja móvel - a rigidez da edificação pode levar o cidadão à estagnação). A passagem chama-se Benção Irlandesa.

Benção Irlandesa

Que o caminho seja brando a teus pés,

O vento sopre leve em teus ombros.

Que o sol brilhe cálido sobre tua face,

As chuvas caiam serenas em teus campos.

E até que eu de novo te veja,

que os Deuses te guardem nas palmas de Suas mãos

Que a estrada abra à sua frente,

que o vento sopre levemente em suas costas,

que o sol brilhe morno e suave em sua face,

que a chuva caia de mansinho em seus campos.

E até que nos encontremos de novo...

Que os Deuses guardem você na palma das Suas mãos.

Que as gotas da chuva molhem suavemente o seu rosto,

que o vento suave refresque seu espírito,

que o sol ilumine seu coração,

que as tarefas do dia não sejam um peso nos seus ombros,

e que Deus envolva você no seu manto de amor.

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