26 fevereiro, 2012

Somos todos e nada e nem ninguém



Enquanto as paredes se desmancham por conta da destruição da casa as tintas voltam a ser pó, matéria solidamente enraizada em uma natureza passada. És pó e ao pó voltarás, como a tinta na parede, assim vai a vida. Humana ou não, é pó, é rígida e sólida, mas se desfaz com a mesma velocidade com que se reafirma e se fixa. A água e os solventes fazem do pó, tinta. Sentimentos e acontecimentos fazem da matéria humana, vida. O desenrolar da colores, cheiros e texturas são detalhes pertinentes a cada demão. Passivamente, ou ativamente, somos portares de nosso passado, carregando conosco as vicissitudes que apenas o pincel, o sol, a umidade e o vento trazem.

Tardiamente a terra nos absorve. Nada mais justo afinal somos terra. E o que acontece quando pressupomos que somos terra e paramos para observar o planeta TERRA à longa distância. Parece que a vida é apenas um ato de revolta. Sim, revolta de um gene querendo se desprender de seu DNA de origem. Ele fica rodeando o DNA por toda a sua existência até que cansado enfim, de seu ato de heroísmo, volta para onde deveria volta. Volta a ser terra no planeta TERRA. Ou é muita ironia do destino o nome do planeta!?  Terráqueos. Enfim sois vós.

A estrutura mostra um sistema cíclico, onde começo, meio e fim não podem ser claramente reconhecidos e/ou classificados. Dizer que o DNA é o começo significa o mesmo que dizer que as andanças do gene são o começo. O começa onde achamos que ele deve começar, é apenas uma questão de perspectiva que foca no processo que deseja esclarecer. Se me nego a escolher um espaço no tempo para analisar a situação “evolutiva” do processo, me prezo em dizer que desde o DNA, o gene tem o hábito interacionista. Sim, ele interage e na interação aprende, divide e compartilha.

O gene faz isso quando está grudado ao DNA TERRA, enquanto é pó, mas também o faz quando de seu ato de revolta, quando se mistura a água e aos solventes, e sai pelas andanças na superfície da terra. A vida humana é totalmente passível, carente e dependente de interações. Seja quais valores são atribuídos a essas, elas estão aqui e existem na mesma frequência que respiramos e ouvimos.  Interagir não depende de outro gene, interagir depende do “inmate” dentro de nós. Interagimos conosco mesmo, primeiramente. A partir daí, damos voz ao mundo, interagindo com terceiro.

E começa nossa eloquência individualista. Pensando que APENAS começamos a viver no momento que começa a nossa vida enquanto gene revoltado, enquanto pó misturado a água e solventes. Não!!! Nossa  vida também começou anteriormente, e voltará a ser o que um dia foi e nunca deixou de ser, apenas parte do que hoje chamamos de TERRA.